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Maternidade em Questão

26.02.2021

Hierarquias maternas

Mádhava Hari

Em uma sociedade que padroniza tudo, a família e a mulher estão intimamente ligados a um padrão que comumente relaciona aspectos que excluem as interseccionalidades, a saber raça, classe e gênero. Também é esperada uma maternidade dentro de um padrão. A autora Simone Diniz nos alerta para o fato de que as hierarquias maternas estão diretamente relacionadas às hierarquias reprodutivas que por sua vez estão enlaçadas com a organização social patriarcal.

A sociedade impõe um padrão de organização familiar que geralmente é formada por casal hetero, branco e de classe favorecida. Similarmente as maternidades tidas como "legítimas", aceitáveis, são as maternidades dentro desse padrão.

Frequentemente as mulheres periféricas têm a quantidade de filhes questionada. Dificilmente artistas ricos sofreram com questionamentos referente a quantidade de filhes que tiveram. O que indica que o questionamento não se configura a partir da quantidade, mas da classe social.

Mães que estão solteiras, também passam por questionamentos sobre os pais das crianças e isso se torna consideravelmente acentuado se forem filhes de pais diferentes. Na maternidade solo - que se apresenta a partir da ausência do pai com a divisão dos cuidados com es filhes - é muito comum que além da carga a mãe solo receba também a culpa pela condição do outro, ou seja do pai, que OPTA por “ser ausente”. Se for mãe lésbica, logo qualquer desafio será relacionado a ausência de uma relação conjugal hetero e assim por diante.

Nesse contexto é fundamental legitimar TODAS as maternidades. Estigmas só servem para desproteger mães e filhes. Toda maternidade é legítima, não importa o contexto em que ela seja desenvolvida. Essa deslegitimação pode ser trocada por APOIO, e esse apoio pode ser garantido através de políticas públicas.


As paternidades dificilmente perpassam por essas esferas de legitimação. Ao contrário da mulher, quando um homem tem muitos filhes é visto como um homem potente por ter tido vários filhes, o mesmo ocorre se for filhes com mulheres diferentes, sendo esse comportamento socialmente aceito. Se for pai solo é exaltado. Ainda que devemos considerar que é todos se dispõe a ser rede de apoio para pais solo, alegando por vezes esse apoio pelo fato de sentirem “pena” da “solidão” deste pai na criação de sue filhe. O mesmo nem sempre ocorre com as mães solo que tem dificuldade em organizar uma rede de apoio para trabalhar, muitas desistem de continuar os estudos por não conseguirem conciliar e por não conseguirem articular uma rede de apoio. Enfim pai eh outro rolê neh?! Privilégios que fala!

Não podemos esquecer que são papéis socialmente construídos.

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