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Gênero e Direitos na maternidade

24.05.2021

Maternidade, descobertas e luta.

Renata Oliveira

Nos últimos seis meses da minha vida, vivenciei um turbilhão de descobertas e desafios relacionados à maternidade.  Precisei começar a terapia para sarar feridas causadas por um ex-relacionamento tóxico, parentalidade desigual e maternidade solo no cuidado, o que acabou me dando forças para decidir formalizar a pensão alimentícia da minha filha no âmbito da justiça, bem como regularizar a visitação.   Concomitantemente a esse processo, eu estava na reta final da pós-graduação, terminando um TCC, enfrentando o medo do desemprego e iniciando em um emprego novo, mas que acabou durando pouco devido a, principalmente, dificuldade de conciliação da jornada de trabalho remunerado com a maternidade em tempos de pandemia. 

Neste último texto enquanto colunista do NIEM, a proposta é fortalecer outras mulheres-mães a partir das experiências vivenciadas por mim e considerando o conflito vivenciada por muitas. 
 

A maternidade é um fenômeno que traz muitas privações na vida de uma mulher que se torna mãe e que não tem a rede de apoio idealizada da novela das 9h. É fruto de privação de sono, privação de realizar os sonhos, de lazer, convívio, autocuidado, de estudos, de crescimento profissional.  Se não nos priva, exige um empenho muito maior de tempo e energia nas atividades.  É também gasto de energia e dinheiro, é preocupação, imprevisto.  Ela traz coisas boas? Para muitas mulheres-mães, traz sim. Mas nunca estive aqui para tratar do que amplamente divulgado, como o amor que nutrimos por nossas crias, ou sobre “maternidade real” de instagram, mas sim para somar na discussão do que é pouco falado.  Dessa vez, através de um breve relato pessoal, um pouco diferente dos demais textos.
 

Conforme tratei em um dos textos para o NIEM, a busca pela efetivação dos direitos no âmbito da Justiça é uma das ferramentas que abre caminhos para diminuir algumas dificuldades enfrentadas na maternidade por possibilitar a materialização de uma divisão dos direitos e deveres mais justos entre os responsáveis, além da garantia pelo pleno bem-estar da criança, que é o mais importante.  
 

 O processo para que eu fizesse uso dessa ferramenta não foi simples e rápido. Conforme mencionei, o fortalecimento da minha saúde mental através da terapia foi muito importante para que entender que era fundamental fazer uso dessa ferramenta.  Afirmo - com a certeza de quem viveu um “antes” e um “depois” da efetivação dos direitos da criança na Justiça: façam acordos formais, procurem a Defensoria Pública ou uma boa advogada, regularizem os seus direitos e os direitos de suas crias no âmbito judiciário!  Pode soar como uma imposição, mas não é.  É quase um apelo para as mulheres-mães que vivenciam violência psicológica, ameaça, chantagem, ausência e falta de responsabilidade por parte dos genitores de suas crias.  Se nossa palavra e luta pelo que é óbvio são frequentemente ignorados nesse contexto machista e patriarcal, tomemos então as medidas legais cabíveis! 
 

Acreditem: para começar, só o fato de não discutir amplamente sobre algo básico, de ler coisas absurdas ao questionar por algo que só beneficia ao genitor, exigir algo que é direito da criança e não se sentir na posição de quem recebe um favor ao receber um Direito, já nos torna mais leves. 
 

Encerro aqui me colocando à disposição para auxiliar e prestar apoio a partir da minha vivência enquanto mulher-mãe e do que sei a quem esteja precisando conversar sobre esse e outros caminhos e estratégias para a divisão de responsabilidades e para tornar, de alguma forma, a maternidade mais leve.

Renata Oliveira
Rio de Janeiro - Brasil
Colunista

Sou Renata Oliveira, nasci no Rio de Janeiro e fui criada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Sou Assistente social, especialista em Saúde da Mulher (UFRJ) e realizo pesquisa sobre o tema da Maternidade e os impactos na Saúde da mulher.

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