Cecilia Santos

Um exercício de imaginação: como seria um mundo em que não tivéssemos papeis sociais de sexo definidos com o propósito de garantir a dominação de homens sobre mulheres? Existiria a mãe como conhecemos hoje? Com todas as funções e sobrecargas, marcadas pela exploração? Existiria a figura do pai como é? O provedor que possui anuência social para a ausência e que é instruído a ter mulher e filhos que deverá controlar a base de autoridade e violência?

Como seria um mundo em que não existe a “mãe” e nem o “pai”? Mas apenas os genitores, cuidadores primários, que  teriam igual responsabilidade pelo cuidado daquela crianças? Como seria o grupo familiar que não precisasse obedecer às demandas de produção insana de um mundo capitalista? Um grupo familiar onde as pessoas não estivessem o tempo inteiro desesperadas com sua sobrevivência? Que os adultos tivessem comida na mesa, teto sobre suas cabeças, atividades produtivas que contribuíssem para a organização e manutenção da coletividade, e sobretudo, tivessem tempo para estar juntos?

Como seria um mundo em que adultos não vivem exaustos, com medo, com expectativas impossíveis de serem cumpridas? Um mundo onde adultos tivessem tempo de qualidade e em quantidade suficiente para suas crianças? Um mundo onde o foco da sociedade seria sua manutenção em harmonia com o ambiente em que estivesse inserida, onde o foco seria a segurança e a felicidade de todos, onde as crianças fossem percebidas como indivíduos altamente estratégicos, posto que são, literalmente, o futuro.

Como seria um mundo onde não existisse essa mãe explorada e esse pai explorador? 

Como seria um mundo onde homens não odiassem mulheres?

Como seria um mundo em que as pessoas realmente se importassem com crianças?

Você consegue imaginar? Não diga que é utopia. Utopia é apenas uma realidade que ainda não aconteceu. E se você, eu, todos nós formos capazes de pensar nessa sociedade, tenha certeza, seremos capazes de construí-la.

Vamos juntas.