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Amor líquido

28.08.2021

Amamentação é escolha

Ludmilla Torraca

E por que escolher amamentar?

O leite materno é o melhor alimento para o bebê, produzido pelo próprio corpo da mulher, prático e rápido, sempre à disposição, sem perigo de estragar ou esquecer. Não existem prejuízos,  mas atenção, há algumas contra indicações como casos de mulheres HIV+, e não menos importante quando não se há o desejo de amamentar, o corpo é da mulher é  precisa ser respeitado, porém nesses casos o melhor dos cenários seria essa mulher ter tido orientações e informações corretas, para assim fazer suas escolhas de maneira consciente e não enganada, iludida, desacreditada.

Reforço aqui a importância do conhecimento, para não ter sua chance de ter sua amamentação roubada. No texto anterior, desta coluna, menciono como a cultura e a indústria leva ao desmame, leva a acreditar que seu bebê precisa de fórmula, mamadeira e chupeta. E de que você não vai dar conta, portanto não te falam que é impossível dar conta de casa, comida, roupa lavada, casamento, criança ao mesmo tempo, sem apoio, sem ajuda, sem divisão, ninguém dá, é humanamente impossível e está tudo bem. Querem te fazer consumir, comprar, por isso te enganam. Ter informação é o item mais importante do enxoval, porém não basta querer, há fatores socio-econômicos-culturais por trás do sucesso da amamentação.

Te fazem acreditar que se compra solução para “´problemas” que não são problemas, não te contam sobre as reais necessidades e dependências de um recém-nascido. E muito menos sobre a riqueza do alimento que seu próprio corpo fabrica, dessa fonte, que se cuidada e estimulada, é inesgotável de nutrição e proteção. Nos afastam do que é natural, da nossa essência, desatando nossos vínculos, fragilizando nossos laços e relações. É um direito da mulher amamentar e das crianças serem amamentadas, porém além do desejo materno é necessário que a mulher esteja inserida em um ambiente que apoie a sua opção e de políticas públicas para que a amamentação se consolide. Segundo o artigo 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do governo, das instituições e dos empregadores garantir condições propícias ao aleitamento materno.

O bebê precisa de colo e peito por 24h nos primeiros meses de vida, mas não te falam sobre isso, não te dão apoio para carregar do lado de fora, quem acabou de sair do seu corpo e só sentia o seu cheiro e ouvia sua voz, a batida do seu coração. Querem ditar um ritmo, te encaixar em caixinhas, julgar se não segue ou não consegue, se faz diferente, e assim não te permitir acreditar em si, e no seu bebê. De tempo ao tempo, com apoio e informação tudo se ajeita, somos mamíferos.

Nós humanos nascemos totalmente imaturos, dependentes neurologicamente de um cuidador, não conseguimos sozinhos andar, comer, falar, se aquecer e o peito, a amamentação é a maneira natural e mais eficiente dessa mãe e desse bebe continuarem se conhecendo, se nutrindo, se equilibrando, é como se fosse o cordão umbilical que ligou esse binômio durante tantos meses. O desmame não é garantia de dependência, os bebês continuam sendo bebes por 3 anos, e o peito além da nutrição, da auto regulação emocional por ter controle total da quantidade ingerida, e isso reflete lá na frente pra toda a vida com a sua relação com a comida, é uma poderosa fonte de regulação emocional.

De acordo com o caderno 23 da Atenção Básica do Ministério da Saúde Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar da Saúde já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno, para a criança segue abaixo alguns dos muitos benefícios: vita mortes infantis, diarreia; infecção respiratória; diminui o risco de alergias; diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; reduz a chance de obesidade; melhor nutrição, efeito positivo na inteligência; melhor desenvolvimento da cavidade bucal, promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho e consequentemente melhor qualidade de vida.

  A amamentação constitui prevenção primária com reflexos a longo prazo na saúde, inteligência, estética, sociabilidade e qualidade de vida do ser humano. O senso comum ainda nos faz acreditar que precisamos criar seres independentes antes do tempo, do tempo neurológico, não podemos infantilizar uma criança? Devemos, devemos respeitá-la e alimentá-la de amor, de muito amor, independente da forma que escolher amamentar seu bebê ele será nutrido do seu possível e do seu melhor. Essa coluna é em prol do aleitamento materno, é para promoção e divulgação dessa via de nutrição, porém todas as mães são para os seus filhos o que melhor que elas podem ser, o amor materno supera tudo. 

Aleitamento materno é relacionamento, é alimentação, nutrição da saúde física e emocional com benefícios que o dinheiro não pode comprar. Como diria Gabrielle Gimenez no livro Leite Fraco? – Guia prático para uma amamentação sem mitos: todo esforço valerá a pena, pois os benefícios serão ilimitados, tanto para quem dá quanto para quem recebe.

Em breve

Ludmilla Torraca

Colunista
Brasil

Ludmilla Torraca é mãe da pequena Sol,  de 2 anos e 9 meses. Graduada no curso de licenciatura em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Especializada em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Ludmilla é uma Defensora o Sistema Único de Saúde (SUS), pois acredita que a saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e deve ser assegurado com qualidade pelo Estado. Atualmente Ludmilla atua como Consultora em amamentação. 

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